Mesmo com resultados negativos no quarto trimestre de 2024 (4T24), ações da Minerva Foods (BEEF3) lideram ganhos no Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira (B3), dessa quinta-feira (20).

No balanço com os registros do 4T24 registrados recentemente, a BEEF3 apresentou um prejuízo líquido de R$ 1,57 bilhão, uma queda em relação ao lucro de R$ 19,8 milhões divulgado no mesmo período do ano anterior.

Esse resultado teria sido causado por conta do nível maior de despesa com juros do trimestre, em específico, por conta do efeito não-caixa da variação cambial.

“Vale destacar que, mesmo em um trimestre com forte impacto da variação cambial, a nossa política de hedge foi fundamental na proteção do nosso balanço, entregando um resultado positivo de R$ 930 milhões no 4T24”, diz a empresa em comunicado.

Com isso, o ponto de atenção do mercado acabou sendo o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) consolidado, chegando a R$ 943,7 milhões, avançando 55,8% na comparação anual, mesmo com a margem tendo recuado 1 ponto percentual. saindo de 9,8% para 8,8%.

“Ebitda reportado superou o consenso da Bloomberg em 21% (+20% em relação às estimativas do Goldman Sachs), com o Brasil novamente sendo o principal responsável pelas surpresas no trimestre”, afirma o Goldman Sachs.

Já o fluxo de Caixa Livre desse período, setembro a dezembro, foi de R$ 990,0 milhões após Despesas Financeiras, Capex e Capital de Giro, em 2023 esse fluxo totalizava R$ 2,4 bilhões.

“Desde 2018, a geração de caixa livre do frigorífico acumula aproximadamente R$ 9 bilhões, reflexo da eficiente gestão operacional da BEEF3, que contribui para a manutenção de uma estrutura de capital sólida, com a alavancagem líquida em 3,7 vezes a Dívida Líquida Sobre o Ebitda Ajustado ao final do 4T24”, comunica a administração da empresa em mensagem.

Por volta das 11h50, as ações da BEEF3 avançavam 10,55%, sendo negociadas a R$ 6,19

Nível de produção da BEEF3 em 2024

No trimestre passado, o frigorífico relatou um número de abate de bovinos de 1,2 milhão de cabeças, crescimento de 10% em relação ao 4T23, no total do ano forma 4,4 milhões de cabeças, 14% a mais que em 2023, que teve um total de 3,9 milhões de cabeças de gado.

Atualmente a empresa detém 46 unidades industriais, incluindo 13 plantas produtivas e um centro de distribuição, no Brasil, Chile e Argentina. Essas unidades possuem capacidade diária de abate para cerca de 41.789 cabeças de gado e 25.716 ovinos.

No último trimestre a o preço médio de venda da carne bovina chegou em US$ 5,3/kg, sendo mais alto que a média anual de US$ 4,35/kg. Nesse contexto é possível perceber que a dinâmica de preços foi um dos maiores motivos para ajudar no resultado operado, além da dinâmica de conversão cambial, como na Argentina.

“Na Argentina, onde ocorreu a maior parte da surpresa positiva na receita, o preço médio foi de US$ 7,2/kg, beneficiado pela combinação da contabilidade de hiperinflação e de uma desvalorização mais lenta do peso argentino desde o final de 2023”, informa o BTG Pactual.

Enquanto o prejuízo líquido foi causado pelo impacto financeiro da marcação a mercado da dívida cambial e dos derivativos da companhia, que anulou os ganhos de hedge cambial da Minerva, linha de recursos que auxilia os clientes a ter mais previsibilidade em operações internacionais, de R$ 930 milhões.

“A situação do endividamento poderia ter sido pior sem a liberação substancial de capital de giro, que totalizou R$ 692 milhões. Isso foi particularmente inesperado em um trimestre no qual a Minerva estava ampliando a capacidade recém-adquirida e os preços do gado, assim como os preços da carne bovina, dispararam”, informa os analistas.

o BTG Pactual mantém recomendação neutra para o papel com um preço-alvo de R$ 7 para os próximos 12 meses, enquanto o Goldman Sachs reiterou recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 8.