Analistas acreditam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve elevar a taxa Selic na reunião desta quarta-feira (19).
Segundo a projeção unânime do mercado para essa semana, a Copom deverá elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, saindo de 13,25% para 14,25% no ano, o maior patamar desde outubro de 2016.
A Selic serve como uma métrica para as demais taxas, refletindo em empréstimos e financiamentos, já que na prática eles ficam mais caros por envolverem grandes pagamentos.
Para o economista chefe da XP, Caio Megale, com os ajustes feitos pela Copom, a economia vem dando sinais de mudança, “A grande pergunta é se a economia vai desacelerar de forma mais intensa o suficiente para equilibrar as pressões inflacionárias”, comenta, acrescentando que as próximas sinalizações dos diretores do Banco Central, reforçarão a dependência do futuro cenário para os próximos passos.
Projeções para a Selic
O problema é não saber o que vem pela frente, para os analistas, o Copom irá abandonar o forward guidance, ferramenta utilizada por bancos centrais para comunicar ao público as suas intenções de política monetária no futuro, condicionando as próximas decisões à evolução dos dados econômicos.
“O Copom deve migrar para uma comunicação mais data dependent, buscar a sua flexibilidade, porque é isso que normalmente se faz quando se aproxima do fim do ciclo — Não faz sentido dar um guidance agora, mas ele ainda precisa ser duro, para o mercado não achar que não vai aumentar os juros na reunião seguinte.”, afirma Andrea Damico, economista-chefe da consultoria Buysidebrazil.
A XP tem projeções de juros atingindo 15,50% em junho (ou maio se o câmbio estabilizar), após altas de 1 p.p., 0,75 p.p. e 0,50 p.p. nas próximas três reuniões. Além de esperar que o comitê continue achando o mercado global “desafiador”.
Economia brasileira
A economia tem dado fortes sinais de esfriamento desde a última reunião do Comitê de Política Monetária, com os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no quarto trimestre de 2024 (4T24), que vem crescendo abaixo das expectativas e a maior parte dos indicadores de alta frequência, que apontam a atividade econômica em curto prazo, apresentando uma recuperação mas ainda com baixo desempenho, menor do que o previsto para janeiro desse ano. Com isso, o mercado já reduziu as estimativas para o PIB de 2025.
Atualmente a taxa de câmbio se encontra entre R$ 5,70 e R$ 5,80 por dólar, com o real ficando 8% mais forte no acumulado do ano.
Os valores do commodities também reduziram, apontando para uma queda de 0,2 a 0,3 ponto porcentual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), saindo de 4% e voltando para os 3,8%.
Com isso, o governo discute sobre novas expansões, como a liberação de recursos do FGTS a ampliação do crédito consignado ao setor privado e a isenção do imposto de renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês.