O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, confirmou nesta quinta-feira (21) que a autoridade pretende realizar mais dois cortes de 0,50 ponto percentual na taxa Selic.
Desde agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) já realizou quatro reajustes de 0,50 pp, levando a taxa básica de juros de 13,75% para 11,75% ao ano. Em sua última reunião, o grupo revelou que novos cortes da mesma magnitude estavam previstas.
Durante a entrevista coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação do 4º trimestre, Campos Neto reiterou que o ritmo de corte de 0,50 pp é apropriado e significa que esse reajuste é para mais duas reuniões. “Ritmo de queda da Selic é apropriado para a convergência saudável da inflação”, disse o presidente do BC.
Ou seja, se o atual cenário econômico se manter, em março, a Selic estará em 10,75%. As próximas duas reuniões do Copom estão programadas para 31 de janeiro e 20 de março.
Sobre as reuniões seguintes, o dirigente afirma que acelerar ou desacelerar corte da Selic depende das condicionantes. “Não posso dizer qual o mapeamento daqui para frente porque há muita incerteza”, aponta. Ele ainda diz que não dá para afirmar que ‘tudo melhorou’ desde o Copom anterior. “Inflação de serviços melhorou, mas expectativas não mudaram quase nada”.
Campos Neto: Fiscal volta a pressionar a Selic
Campos Neto aproveitou para lembrar que o cenário fiscal também pode pressionar as expectativas de inflação, o que resulta em mudanças na política monetária. No entanto, ele voltou a dizer que a relação não é “mecânica”, e que o BC vai avaliar como a economia vai reagir.
Segundo o presidente do BC, mesmo que o fiscal venha pior do que o prometido no arcabouço fiscal, se o governo seguir fazendo reformas olhando para o controle dos gastos públicos, essa piora não é significativa e o mercado entende, caso a meta de déficit não seja alcançada.
Ele também destaca que, às vezes, o governo tem dificuldade em aprovar medidas na íntegra. “Temos boa relação com o governo e esperamos que relacionamento melhore”. Afirmou Campos Neto, que também diz ter parabenizado o ministro Fernando Haddad pelo esforço na aprovação de medidas.