O Ibovespa inicia abril em alta mesmo à véspera do “Dia da Libertação”, onde o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciará novas tarifas recíprocas como uma retaliação à taxação de outros países sobre os produtos estadunidenses.
Por volta das 16h50 (horário de Brasília), o principal índice da bolsa brasileira (B3) subia 0,78%, a 131.279,75 pontos, na máxima do dia alcançou 1,08%, a 131.633,28 pontos. Enquanto o dólar à vista recuava 0,35%, a R$ 5,6850 na venda, devido impactos do governo americano ao mercado financeiro.
Com essa oportunidade, investidores têm designado recursos ao mercado brasileiro “Há uma grande expectativa com o anúncio das tarifas. Num primeiro momento, Trump tem ido na linha de dar uma martelada – fala-se agora que o país considera impor tarifa de cerca de 20% à maioria das importações. Depois, revisa. Isso traz incerteza aos mercados”, aponta Henrique Lenzi, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Nesta quarta-feira (2), Trump planeja anunciar as tarifas recíprocas, taxando países como Índia, Coreia do Sul, União Europeia e Brasil. Porém, os detalhes sobre a taxação ainda são incertos, desde a escala até o momento da aplicação e a variabilidade entre cada região.
Os analistas receiam que as futuras decisões do presidente norte-americano possam ocasionar em uma guerra comercial global, reacendendo a inflação e causando uma possível recessão econômica nos EUA, que já vem apresentando sinais de desaceleração da atividade.
“O mercado está bastante apreensivo com o ‘tarifaço’ do Trump… Não sabemos metrificar o potencial inflacionário, porque não sabemos a intensidade. Então, isso cria incerteza”, diz Nicolas Gomes, especialista em câmbio da Manchester.
O que esperar das tarifas dos EUA e futuro do Ibovespa
De acordo com Alex Carvalho, analista da XP Investimentos, o Ibovespa seguirá em tendência de crescimento no curto prazo e podendo até iniciar uma nova perna de alta. Para ele o índice tem cumprido os alvos estimados e agora pode apontar para alvos mais altos.
Até então, Carvalho estimava a chegada aos 134 mil pontos e posteriormente uma correção aos 130 mil pontos, números que já foram superados pelo índice no final do mês passado. “O próximo passo do Ibovespa deverá ser continuar na tendência de alta de curto prazo, com acréscimo gradativo de volume comprador” diz o analista, expressando uma expectativa positiva.
Já para o BTG Pactual, tudo dependerá da forma como as medidas serão direcionadas. Caso seja para os países com os quais os EUA têm grandes conflitos comerciais ou que tenham participação relevante no comércio do país, inicialmente o Brasil não sofrerá nenhum impacto. “Contudo, se forem aplicadas tarifas generalizadas a setores específicos ou se os critérios incluírem países com barreiras comerciais superiores às americanas, o Brasil poderá ser diretamente afetado”, aponta em relatório.
O banco sinaliza para a diversificação da pauta de exportação do Brasil, que limita o impacto geral sobre a balança comercial, na situação em que as tarifas de Trump sejam impostas somente em setores específicos. Entretanto, os segmentos mais dependentes do mercado americano tem grande chances de sofrer efeitos significativos, como o setor de aeronaves, materiais de construção, etanol e madeira e derivados.