Cenário do agronégocio ficou complexo, mas custos mais baixos poderão dar fôlego extra às liberações. Confira o que pode acontecer com os Fiagros.
Embora a demanda dos produtores rurais do país pelos recursos do Plano Safra 2023/24 tenha aumentado entre julho e dezembro. As perspectivas para o comportamento dos desembolsos entre janeiro e junho, sobretudo de crédito a juros livres, começaram a ser contaminadas pelo cenário mais difícil derivado da redução da produção de soja e milho no Centro-Oeste e pela queda dos preços desses grãos nos mercados externo e doméstico.
Segundo o Ministério da Agricultura, no Plano Safra as liberações de créditos previstas totalizaram R$249 bilhões nos primeiros seis meses. Porém, com as estimativas de redução nas colheitas de grãos e a baixa nos preços as liberações para investimento do plano recuaram drasticamente. A expectativa é que os recursos continuem fluindo, mas com linhas de juros controladas, perto de 10% ao ano.
“O cenário para 2024 se tornou complexo. A queda de preços costuma afetar a demanda por crédito”, afirmou Ricardo França, superintendente de Agronegócios do Santander.
Este é um setor que podemos considerar “novo”, com nível de risco bem mais elevado que o de Fiis e esse menor recurso em caixa dos produtores pode levar muitos deles a selecionarem os compromissos a serem honrados.
O ambiente mais pessimista para a segunda metade da safra já foi identificado por algumas varejistas de insumos do setor. Tais varejistas demonstram preocupação com um possível aumento dos índices de inadimplência.
O que dizem os analistas? Possível preocupação com os Fiagros?
Analistas ponderam que é difícil fazer projeções mais precisas neste momento porque a colheita da safra de grãos de verão está em andamento. O plantio da safra de milho acabou de começar e é necessário ver qual será a relação entre preços e custos, que também recuaram para a próximo ciclo. Mas o aumento do pessimismo é uma possibilidade real.
O mercado espera um ano de preços pressionados nas commodities agrícolas – especialmente grãos -na safra 2023/2024, que se encerra entre julho e setembro deste ano, dependendo do produto.
Tendo como base de comparação a última safra (agosto de 2022 e julho de 2023), o real atualmente mais apreciado ante o dólar (moeda em que as commodities são negociadas) deve abater ainda mais as receitas do setor. Produtores do agronegócio costumam ter vantagem de faturar em dólar e, de modo geral, suas dívidas serem em reais. Ainda assim, o volume desse passivo é geralmente elevado, porque o modelo de negócio exige investimentos expressivos para produção.
O que as corretoras dizem?
A Guide está pessimista com os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) neste ano e alerta investidores a serem cautelosos com esta classe de ativos. Ao menos por ora. A corretora explica que o cenário para 2024 implica em riscos maiores de calotes nos CRA, aos quais carteiras desses fundos estão muito expostas.
E a classe perde mais atratividade ainda, segundo a Guide, se considerado que, neste momento, o risco em Fiagros “parece maior do que o risco de produtos de investimentos semelhantes, como fundos imobiliários (FII) e fundos de infraestrutura (FI-Infra)”, afirma no relatório “Fiagros: onde investir ante queda da Selic e preços agro baixos“.
Com todas essas informações atuais sobre os Fiagros, podemos notar que há um potencial grande de risco nesses ativos. Porém, ao mesmo tempo podemos ter surpresas positivas como aconteceu nas últimas três safras. De qualquer forma, a queda dos dividendos parece bastante real nesse momento.
Lembrando que essa notícia não indica qualquer recomendação de investimento, apenas fatos sobre o mercado financeiro.