O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, decidiu por quase unânimidade manter a taxa de juros do país na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano pela segunda reunião consecutiva.
O motivo é a incerteza sobre os próximos passos do atual governo dos Estados Unidos liderado por Donald Trump, antecipando uma piora no cenário da inflação estadunidense e o crescimento do país nas projeções, a decisão já era aguardada pelo mercado financeiro.
“A incerteza em torno da perspectiva econômica aumentou — O comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu mandato duplo”, afirma o Banco em documento, referênciando a inflação em 2% determinado pelo Congresso de estabilidade de preços.
Anteriormente o Fed levou a cabo um ciclo de três quedas consecutivas dos juros, começando no ano passado em setembro, ocasionando no corte de 0,25 ponto percentual, primeiro corte em cinco anos. Desde então, vem mantendo o cuidado analisando os indicadores econômicos antes das decisões de política monetária.
“A reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC) de março provavelmente será toda sobre incertezas em torno da política monetária. O Fed certamente ficará em espera, enfatizando paciência em vez de pânico”, diz Aditya Bhave, economista do Bank of America para os EUA.
Futuro da economia estadunidense e FED
O Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC) reiterou que a expansão da atividade econômica continua em um “ritmo sólido”, por conta da taxa de desemprego estabilizada em níveis reduzidos e o mercado de trabalho também parado.
Nesse contexto, a inflação dos EUA “permanece um pouco elevada”, afirma. A adesão das novas tarifas comerciais começa a partir de 2 de abril.
“O Comitê busca alcançar o máximo emprego e uma inflação de 2% no longo prazo. A incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou. O Comitê está atento aos riscos em ambas as frentes de seu mandato duplo”, diz FOMC em comunicado.
O Federal Reserve reafirma o seu compromisso sobre a meta de 2% da inflação, sendo tomada todas as medidas necessárias para manter o equilibrio da econômia.
“Ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais à faixa-alvo para a taxa de fundos federais, o comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a perspectiva em evolução e o equilíbrio de riscos. O comitê continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e títulos lastreados em dívidas de agências e hipotecas de agências”, afirma.
Já o Goldman Sachs tem expectativa de uma revisão elevada de 0,3 ponto porcentual no núcleo da inflação do Plano de Controle de Emergência (PCE) de 2025, para 2,8% por parte do Fed. Além de uma queda de 0,3 p.p no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, chegando a 1,8%. O Wall Street acabou aumentando 0,5 p.p em cada métrica
“Os participantes do FOMC provavelmente farão ajustes com um pouco mais de cautela até que a política tarifária fique mais clara”, comenta o time de economistas do Goldman.
Em Wall Street, o Dow Jones acelerou a alta para 0,57%, enquanto o S&P 500 passou a subir 0,83% e o Nasdaq, 1,20%.
Impactos no Brasil
Em caso de juros elevados nos Estados Unidos, o rendimento das Treasuries (produtos de investimento mais seguros do mundo) — títulos públicos americanos — aumentarão, chamando a atenção de investidores estrangeiros que encaminharão seus investimentos para os EUA, dando força para o dólar.
Com isso, o volume de recursos investidos no maior país sul-americano será reduzido, desvalorizando o real em comparação a moeda norte-americana. O aumento do dólar resulta em pressão sobre a inflação brasileira.