Com reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) marcada entre terça-feira (6) e quarta-feira (7), Legacy Capital e BTG Pactual estimam um crescimento da taxa Selic de até 15% ao ano.
Atualmente em 14,25% ao ano, a previsão do BTG é de um aumento 0,50 ponto percentual (p.p.) para a taxa básica de juros, chegando a 14,75%. Segundo os analistas, Claudio Ferraz, Bruno Martins e Bruno Balassiano, na última reunião a Copom já teria sinalizado um aumento, porém em um ritmo mais lento, eles apontam que apesar dessa desaceleração, o comunicado e a ata de encontro de março tiveram um tom “mais agressivo do que o esperado”.
Impactos da guerra comercial
Com as escaladas das tensões globais, devido a guerra comercial dos Estados Unidos e China que levaram o mercado mundial a incerteza, eles observam que “Para o Brasil, no entanto, os efeitos esperados são de natureza desinflacionária, embora algumas dúvidas permaneçam”.
Para os analistas, um crescimento econômico acima do potencial e expectativas desancoradas exigem uma “postura firme” do Banco Central.
Por outro lado o CIO da Legacy Capital, Felipe Guerra, enxerga um cenário positivo para as taxas devido o conflito entre os países, já que com a desaceleração global, consequência dos atos, os prêmios dos juros no Brasil ficarão mais atrativos.
“Vejo o País como uma alternativa na renda fixa dado o quadro de desaceleração global e a força deflacionária vinda sobre a oferta de bens. Isso torna os juros brasileiros atraentes para os investidores, com foco nos títulos de curto prazo”, diz Guerra.
Enquanto para os ativos de risco o CIO recomenda cautela, especialmente sobre os mercados acionários globais. Guerra afirma que no cenário doméstico a economia vai bem, acreditando que o setor bancário brasileiro é atrativo para os investidores devido a sua resiliência.
Previsões para a Selic
O presidente do BC, que tem mantido uma abordagem mais cautelosa e flexível desde a última reunião, afirma que a orientação emitida para a convenção de maio se mantém válida. “Tudo o que foi dito na comunicação anterior permanece em vigor, essa é a nossa posição”, afirma.
Já para o diretor de Política Monetária do Banco, a desaceleração induzida pelas taxas é virtualmente inevitável, com chances de causar efeitos desinflacionários sobre o Brasil. Ele enfatiza que a política já é fortemente restritiva e que sinais de desaceleração da atividade, como a estabilização do IBC-Br, refletem a materialização das altas recentes nos juros que estão começando a acontecer.
O BTG Pactual reitera a estimativa de um aumento adicional de 0,25 ponto percentual (p.p.) para a reunião de junho, levando a Selic para 15% ao ano, com a política monetária em território restritivo por um período maior. “A probabilidade desse aumento final diminuiu e estaremos atentos à comunicação do Comitê”, finalizou.
Já a Legacy vê uma alta entre 0,25 e 0,50 ponto percentual (p.p.) para a próxima reunião, eles ainda estimam que o Banco Central acabe com o ciclo de alta após isso, com o mercado precificando um ciclo de corte mais intenso a partir do final do ano, devido cenário internacional atual e nível de juro real elevado.
