Na semana passada, enquanto os EUA anunciaram um corte de 50 pontos-base (bps) em sua taxa de juros (agora entre 4,75 e 5% a.a.), inaugurando um novo ciclo de queda, o COPOM anunciou um aumento da nossa Selic em 25 bps, elevando-a de 10,5% para 10,75% ao ano. Isso inicia, então, um novo ciclo de alta, gerando novas expectativas para a economia.
A queda dos juros nos EUA deverá impulsionar os mercados emergentes, que agora tendem a se beneficiar de um fluxo internacional de capital à procura de rendimentos maiores fora do solo americano.
O Brasil pode ser um destino dessa enxurrada de dólares, se considerarmos que, com a taxa Selic mais alta, nossos títulos de renda fixa renderão mais.
“Somos o paraíso dos rentistas”, como muitos governistas já afirmaram no passado, em tom de crítica. Nada mudou!
Esse cenário de juros altos beneficia os já ricos; aqueles que possuem capital para investir. Por outro lado, penaliza o empreendedor e aqueles brasileiros que precisam trabalhar e garantir os seus negócios, seus empregos e suas vidas.
Já afirmei em meses passados que a política econômica desse governo é totalmente esquizofrênica: por um lado, há uma grande expansão fiscal, com um aumento expressivo dos gastos do governo que impulsiona (pelo menos por um tempo) a economia; e, por outro lado, em função desse gasto ser desproporcional à capacidade produtiva, a inflação começa a aparecer, e o BC se torna obrigado a subir os juros, para frear a economia.
Mas os que sofrem a punição não são os mesmos que recebem os louros. Se beneficiam dessa política os brasileiros que se servem do Estado de alguma forma. São eles: políticos, empresários fornecedores do Estado, funcionários públicos (principalmente os de alto-escalão), trabalhadores e fornecedores dos setores subsidiados pelo governo, entre outros. E quem paga a conta? Todos que não se servem e não são ajudados pelo Estado. E quais são as expectativas de economia para essas pessoas? Em outras palavras, os pagadores líquidos de impostos – em que os impostos pagos são maiores do que o valor dos serviços recebidos.